das coisas que doem - wtv may lyrics
[letra de “das coisas que doem”]
[verso 1]
já não há tanto que me doa agora
o que mudou agora é que me dou agora
a um consistente luxo do ar deitar fora
de me deitar sóbria e meditar sozinha
sem medicar a crónica dor de ficar afónica e incapaz de fóbica
fechar a porta da fábrica
presa à encardida farda numa greve sinfónica
não é de fome porque come e tá de novo pr*nta à vomitar
e eu explico à raiva que volta
não ter razão de revolta só um passado que me molda
a ser aquela que mal dá o dedo e logo tira
porque a mesa sempre vira então talvez eu prefira
ser protagonista da vida, tirar da lista ser querida
tendo em vista ser mina de um ouro que dá e dissemina
reclamo o toque de midas e a emergência das saídas
sinalizada pelas chagas que eu peço que não sigas
[refrão]
tudo o que mói me mata
se eu deixar
tudo o que dói faz falta
p’ra lembrar
tudo o que arde inflama
se eu deixar
o que eu larguei só chama
p’ra lembrar
[verso 2]
e eu fui contra*feita por isso vou contra o bando
única afronta aceite ao rótulo sub*urbano
sem actuar na cena sou eu que subo o pano
para que alguém com mais jeito derrote o sub*humano
cuja a causa e efeito é o culto ao defeito
de se achar com mais direito pelo herdar profano
ignorando o preconceito e o raro deleite de a mal ser sujeito
e mesmo assim ser franco
porque fica mal ser brando a quem se chama macho
e de que vale dar sangue a quem não dás o braço?
um peso já não expresso em unidades de maços
enquanto me impeço que a taça não estilhace
de cada vez que ainda zango por não ter sunquick ou tang
a celebrar no tempo o ocupar de mais espaço
mas se há na sala elefante é o traço constante
de não saberes dar amor fosse este abundante ou escasso
[refrão]
tudo o que mói me mata
se eu deixar
tudo o que dói faz falta
p’ra lembrar
tudo o que arde inflama
se eu deixar
o que eu larguei só chama
p’ra lembrar
[verso 3]
tem forma de coração a caixa de que ainda me queixo
e o buraco na torácica a que me afeiçoei
desde então remendado: sei que ainda me fecho
bem, é novidade depois d’aquilo qu’enxuguei
voltar à sanidade que antes de ti
só visitei e dar real significado à palavra companheiro
do magnetismo nato, noto o compromisso
e sei amar*te inteiro e tornar tinteiro:
o que foi negro e feio e do que não fomenta ideias
fazer lenha, fogueiras, ou fogo p’rás feiras
num artifício de teias que afaste varejeiras
e os variados voadores à procura de veias
de volta pelo calor e a minha carne selei*a
para não ser refeição quando me querem de ceia
faço*vos reacção alérgica , visceral
é poético que a vossa saliva na minha pele se leia
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