festival - tasc0 lyrics
[verso 1]
assim que cheguei à
doença s*xualmente transmissível a que chamam vida
fiz um cartão de cidadão, pessoal e intransmissível
ando a tentar viver e acho incrível:
julgam que ‘tou morto se não consumo combustível
todos querem ter tudo, consumo é combustível
fosse o que procuro
smirnoff com sumo num copo comestível e era fácil
mas feridas são abertas no encéfalo
e arrastam química do inferno
eu procuro a sensação de um beijo eterno
no nunca tenho um dia que governo
para sеr sincero:
espero ter*mе a mim sem clero
e ter*te a ti? sim, quero
mas modero a possessão ao nível zero
pondero a solução, está claro que erro
quando era pertinente ver eu fiquei cego
jovem por si sente ter ou fica incrédulo
quando percebe se invertebrado neste século
inverto o lado enquanto seco num estendal
e é sempre a mesma volta:
casa, trabalho, trabalho, casa
casa comigo, trabalho
ou volto às aulas sem trabalho de casa
vem boy, entra na nova escola é um culto d’adulto
procura na cova esmola, qual é a tua?
eu vejo o mundo desmoronar*se
enquanto mijo no muro, narso
será que assim me insiro no grupo?
traz droga: whisky, compal e md
assim num loop com pálidos versos aguardo que o ego dê
a guarda deste lp ao mundo que aguarda
enquanto a terra explode a malta grava
embora procure a sensação de beijo eterno
eu nunca tenho um dia que governo e ‘pra ser sincero:
lá fora desfaço as notas que adoras
às voltas no terraço, estoiro o maço em duas horas
nem modero em fumo rasca
se vês a casta pelo prato, eu parto de vês a casca
só ‘pra ver que parte vês
sinto que nem consigo desfazer*me da ironia cega
boy, chego a ver*me um gajo que um dia pega
nas chaves de casa e casa de baza
bazo de carro e mato o charro pelo gargalo da garrafa
quando a vida não se esfrega nos olhos pessoas iram
e usam guito como desculpa porque as persuadiram
bem*vindo à terra da epilepsia
luz eléctrica é precisa ‘pra ouvir o que as bocas dizem
dizem “deitem*se num buraco de onde ninguém vos tire”
a malta compra uma casa e arranja onde investir
compra gucci compra prada, nem sabe como existir
apanha a puta com vaidade e sai ‘prá rua assim vestido
mais tarde ou mais cedo escavo mais sete palmos
alguém me salve das minhas próprias pálpebras
tinha histórias*alvo, mas
folhas são rasgadas ‘pra andar a fazer cábulas
(pois, e agora, man? e agora?)
o que fazer ‘pra me distrair?
arranjar uma mulher que me diz trair?
armar*me em obstetra?
ir p’rós bares de serpa?
subir esta serra?
tentar chegar ao cume só ‘pra cair?
isto é ‘pra doidos:
de oito em oito dias seco e extingo
a pretensão de construir a ferro e vidro, então agoiro
mereço um par de estalos
isto está lindo. estaline? não sei se está
li nos mandamentos o fim e vim ‘pró bar testá*los
[até vou ‘pró mar de salto alto]
vejo velhos afogarem*se
deixo poseidon afogá*los, pois então…
este eu não existe, eu sou mais triste que isto
pergunto*me se é do romance químico
ou se ando a ficar louco por ter tantos que imito
será que sou emo?!
temo ter momentos com medo
como o minuto em que percebo que o tempo
me escorre por entre os dedos
quando me olho ao espelho será que sou eu?
será que sou emo quando me fecho no quarto?
corto*me com a faca de estanho
será que sou fraco no tempo que entretenho
e mato tempo ‘pra não saber o que dentro tenho
e no entretanto…
‘tou na zona centro a injectar plástico
sei que o meu filho nem nasceu e já ‘tá farto disto
claro que fiz trinta por uma linha
‘pra chegar aos trinta numa linha ténue
como se esta vida fosse minha
se estar de férias é conquista
com vista ‘prá pista, tu
queres dar uso às pernas
mas a vida fere*as se a conquistas
(na vida as férias são conquista)
mano, nunca me viste tão insecto
esmagado debaixo dum molde de aço
mas nem por isso mais incerto
será que estavas à espera que eu moldasse
o cérebro (moldasse às)
leis da natureza que forjaste?
e eu sou…
efémera, pura presa presa num guindaste
levanto*me sem patas, bato as asas de quitina
não procuro o infinito, quero um fémur de platina
só para o vender em qualquer esquina
a minha verdade favorita é construção da via sacra ‘pró fracasso
traço o destino, morto, a procurar saída
caso eu fique torto de pescoço na guilhotina
vocês, espadachins de esgrima, façam fila
construo a via sacra para o fracasso
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