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voltando os olhos pra chuva - rui carlos ávila lyrics

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meu mouro apura o trote
num aguaceiro mateaço
tendo a franja por sombreiro
e o olhar em cada casco

pois muito pouco se vê
depois que o mundo desaba
mas o maidana de guerra
sustenta o peso na aba

tão logo adentro um galpão
pro corpo cambiar de posto
tiro os arreios do pingo
encilho o mate a meu gosto

deixo por conta do tempo
lavar o lombo do mouro
e busco entender por que
a chuva fez paradouro

(se a chuva desce do céu
e no sol quente regressa
quem se arrisca a dizer
onde é que a chuva começa?

eu não sei onde ela nasce
mas pelo verde dos campos
até parece água benta
benzendo este pago santo)

o poncho negro descansa
alheio ao mundo lá fora
aberto como quem voa
chovendo feito quem chora

enquanto a chuva ressoa
junto à quincha do galpão
contraponteando os acordes
que acorda o meu violão

a chuva que cai no sul
convida o pago a matear
dá esperança a quem planta
e mata a sede do olhar

por isso indago se a chuva
que terra adentro se arrima
será o mate dos campos
cevado com as mãos divinas

(se a chuva desce do céu
e no sol quente regressa
quem se arrisca a dizer
onde é que a chuva começa?

eu não sei onde ela nasce
mas pelo verde dos campos
até parece água benta
benzendo este pago santo)

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