psicopretas vol. 1 - narceja produções lyrics
[intro: angela davis (sample)]
“on the other hand
because of the way the society is organized
because of the violence that exists on the surface everywhere
you have to expect that there are going to be such explosions
you have to expect things like that as reactions”
[verso 1: sistah chilli]
e nem dobrada sua cartela p-ssa pela minha guela
cê nem sabe que na minha veia tem sangue de teresa benguela
pra nós é muita treta ver uma preta contra outra preta
destruindo nossa luta, um branco inventa e ‘ceis aceita?!
e “parda” é uma porra, respeita a minha história!
fiscal de melanina, nem vem que não faz glória
rainhas coroadas de corpo e mente blindada
exu guia minha estrada, por dandara abençoada
da sua língua amaldiçoada, eu sigo forte e imune
respeita a minha trilha, herdeira de aqualtune
me rotulam todo tempo, “ei, de que cor é você?”
sai da cola do meu sangue e vai cobrar os wp
sistah chilli é bruta e brava, não me abafa ou vai ter
rola bosta de internet nóis frita é no dendê
militância fajuta de internet ou de tv
que desmerece meu p-ssado sem saber meu proceder
[verso 2: danna lisboa]
nesse mundo há quem só -ssista
outros disseminam os planos dos fascistas
sabe que a meta deles é criar mais um discurso pra você virar estatística
na mira da polícia
se não há forma de tomarmos a política
então tornamos essas peles mistas
hereditária as maneiras de criarem vítimas
na mira da polícia
a culpa não é de quem é preto ou de pele mais parda
a branquitude é que torna a labuta bruta e falha
tá cego com ego então segue o rebanho
e não quem tá na batalha
fica botando fogo em palha, criando novas muralhas
façamos novos quilombos, não novelas de velhas senzalas
fica botando fogo em palha, criando novas muralhas
façamos novos quilombos, não novelas de velhas senzalas
mazelas, choros e velas, somos todos sequelas
não pensamos, não sonhamos como nelson mandela
sonhou um dia em que todos se levantarão e compreenderão
que somos feito pra vivermos como irmãos
será que a luta foi em vão?
mazelas, choros e velas, somos todos sequelas
não pensamos, não sonhamos como nelson mandela
[verso 3: bia doxum]
quem me viu naquela estrada?
me diz, quem me viu naquela encruzilhada?
quando não era moda ser preta de quebrada
quer julgar minha história, não sabe minha caminhada
na mira da espingarda de algum escravocrata
sei que não fui aceita, fui tolerada
me camuflava nos teus espaços
alisando o cacho
fiz mó embaraço
na angústia do p-sso
que não encontrava par no salão
tem dia que ainda tô sozinha naquele salão
mas não tem dia que me falte o pé no chão
pra me fazer solitude nessa solidão
nesse chão me firmei, deixei a gira girar
quando o cabelo eu armei
vi branquin com as mão pro ar
tem quem quer dividir, mas vim multiplicar
todo ouro pra mulher preta
tem quem quer dividir, mas vim multiplicar
todo ouro pra mulher preta
tem quem quer dividir, mas vim multiplicar
todo ouro pra nóis
todo ouro pra nóis
[verso 4: anarka]
me refaço a cada p-sso, desfaço nó e crio laço
ao embaraço do meu black, mic in check, faço as track
no boombap ou trap, é o rap independente do cep!
nóis se fortalece e pé de breque não se cresce
que as mina preta é mó treta, acima de festa de carnaval
eu nem manjo sambar, é só rodo nos puto e 155 nos boy
com a donato nos bate, não fujo do embate
moscou, é xeque-mate
observa o contraste, diversidade de tom
não tá bom? foda-se, não pedi sua opinião
enfia no cu sua religião
axé pras mana e pros irmão
minha cultura não cabe na sua compreensão
em mim, se tocar perde a mão
projeto preto em ação, além da expressão
é auto-afirmação de vida a cada batida
o beat é atabaque, traz o conhaque, salve ao santo!
as quizila eu espanto, minhas prece vem em canto
caio, levanto, me adianto! respeite, portanto!
pra cada referência morta, nasce um gueto incendiário, subvertendo estereótipo e sendo preto visionário
cê tenta apagar, mas nossa história tá no sangue
os ancestral ilumina e faz com que os caminho deslanche
[verso 5: dory de oliveira]
disse que não curte rap de mina e que nenhuma presta
vou me trancar no quarto, chorar
rasgar minhas rimas, é o que me resta
tá cheio de bandidão, nelson rubens de internet
sua mãe trocando suas fraldas
eu nas ruas fazendo rap
xiu, baixa a guarda, moleque
respeita quem abriu os caminhos, fez história
eu já rimei com os mais foda da leste, e agora
tá tendo até fã de fascista nessa porra
se nóis não fizer a limpeza, vira purgueiro, uma zorra
nunca p-ssou veneno na madrugada sereno
revolucionária de triplex é a nova moda, vai veno
hoje em dia é fácil dizer que esse som é a sua raiz
tá chovendo sinhá fazendo rap
nem sabe o que diz (é foda!)
vim da legião das preta raiz
não aquelas que só é quando condiz
tá facin’ falar que tava lá
mas nunca fui de trombar
nas ruas de terra, nos palco de madeira
respeita o terreiro, a herança inteira
preta de quebrada é maria eduarda
é cláudia arrastada
luana que teve sua vida arrancada por nada
é o levante de quem cansou de ser tirada
minhas palavras são cortes de espada afiada
voltei, tipo refazenda
refazendo tudo
deixo minha rima de oferenda
voz, microfone de escudo
vim pra afrontar
continuar a história, entenda
prometi que vou fazer meu nome virar lenda
[ponte: samples]
“mulher negra brasileira”
“mulher de at-tude”, “vou driblando o preconceito”
“tenho fama de neguinha barraqueira”
“ser preto agora é moda, aplaudem e acham que é [?]”
[verso 6: cris snj]
descem escadas depois sobem ladeiras
cruzam fronteiras entre bairros, ignoram as trincheiras
sobrevivência acham várias maneiras
sinal da cruz e atravessam a estrada de várias maneiras
maloqueiras enfrentam diversas barreiras
a cor da pele influi, com isso ouve besteiras
do tipo neguinha, fedida, vulgo barraqueira
mas o barraco é que defende aqui a nossa bandeira
cultural, social, ancestral, musical
na luta que as pretas fazem sua carreira
descem a madeira pra viver no estado racional
não queremos gorjeta, vamos autodidatas
damos nó em pingo d’água, não vai mamar na teta
somos a treta, homens psicopatas ficam em choque quando trombam uma psicopreta
[saída: cris snj & samples]
psicopreta
“todo ouro pra nós”
“rainhas coroadas”
“resistance in the cl-ssrooms
resistance on the job
resistance in our art and in our music
this is just the beginning
and in the words of the inimitable ella baker:
‘we who believe in freedom cannot rest until it comes'”
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