pânico - moços do bêco lyrics
[verso 1 – moniztico]
meu tempo é f-ck e eu sei que vaticínios cracham
dos meus patrícios não sobejaram sonhos, só sobraram rachas
escrevi “rescaldos e resquícios” e os escaldados usaram a água
da chuva que compraram p’ra apagar as achas
achas, que é fácil vir duma cidade marginalizada
com a mania de andar em segundo plano?
querer nadar com os tubarões quando o lago
não te ensinou a deontologia do oceano
eu comparo, ufano o mano que veste de facto a bravata
e esquece que acima das leis só quem veste de fato e gravata
antes de fato-macaco do que a virar casacas
por isso eu dispo o casaco e arregaço as mangas da asas, fui!
e eu vejo mangas na praça
com talento de fazer cair queixos e outros a cair em graça
alguns que se queixam e não deixam p-ssar nada
até que fazem o amigo certo e prescindem de ser quem delata
ainda por cima a inveja mata quem não vive
mas vale não ter ouro do que cuidá-lo mal e culpar o ourives
na minha city prata da casa é só conflitos
quer alguém vença ou alguém perca no final só se ouvem gritos…
[refrão]
deixamos pétalas no prato
viramos armas ao contrário
abraçamos os entes
e seguimos em frente
pelo sol nascente
p’ra fazer a nossa parte
deixamos as armas de parte
soltamos pétalas no ar
juntamos os pés
descruzamos os dedos
e juramos ser arte
[verso 2 – bag]
violaste a praça com paz
com uma guitarra nos braços
confia a alma ao diabo e ele põe-te guita no saco
queres vida fácil? faz um pacto. convida ao palco o teu pai
reza-lhe o santo e o cristo e o carmo, e a trindade cai
mas tu compensas ao domingo os devaneios dessa sina errante
e -ssim que olhas para cima cai-te a praga dos santos
contigo a vida era fácil, antes comias felicidade
o banco quis-te o prato mano e tu bancaste humildade
eles riram na tua cara (i’m really rich -risos), e tu pensaste
que um dia irias corromper o teu sistema padrasto
lavaste os pratos a lei, somente p’ra hoje lavares
os olhos à tua mãe, contigo morto nos braços
artista numa selva de concreto, observa
que eles negam que a sorte é um factor
porque eles compram a deles
e eles querem a cidade burra, fodam-se os direitos, curvam-se
na mesa que eles usam p´ra foderem tudo
os media chamam-te drogado ou traficante sem lei
trancado no quarto a escrever antropologia, eu sei
guardei os teus cadernos todos, pergunta à tua mãe
eu prometi-lhe que o mundo iria saber o que eu sei
[refrão]
deixamos pétalas no prato
viramos armas ao contrário
abraçamos os entes
e seguimos em frente
pelo sol nascente
p’ra fazer a nossa parte
deixamos as armas de parte
soltamos pétalas no ar
juntamos os pés
descruzamos os dedos
e juramos ser arte
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