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no/ve/mbro - micshyne lyrics

[letra de “no/ve/mbro”]

[verso 1]
sempre tive um certo fascínio pela vida louca
aos 16 eu acordava já com uma ganza na boca
rotina é o que me der na tola, fumar, faltar à escola
meu pai pergunta porque é que já não me esforço na bola
tenho que te pedir desculpa, né? juro, tou grato pelo que fizeste
agradeço as tuas boleias, mas eu hoje vou a pé
já faço cash sem recibo, tenho o stash no cacifo
fumo hash, fumo weed, living fast, sou um kid
já ‘tou farto da conversa: “miguel, tens capacidade”
yeah, i know i get it, vá (tanta falta de humildade)
os que torciam por mim hoje já não mе condecoram
porque eu caminho ondе os sonhos se evaporam
e por agora eu vou: vou tirar do bolso o meu lighter
vou queimando o tempo na mortalha
dizem que preciso dum milagre
porque é que os meus vícios não me largam?
não era como se precisasse, gostava de correr o risco
dinheiro fácil atraía*me como um isco
eu e o meu mano zacca a importar de outro país
horas a moer tabaco, para bizznar a um preço fixe
a lucrar, eu ‘tou no move, fumar, beber, dormir pouco
não demorei até tocar noutras drogas
antes de pendurar as botas, já tinha um novo desporto
e assim a vida foi, até chegar aos 20 e poucos, do tipo:
[ponte]
na adolescência pensamos que somos eternos
e não se pensa nas consequências dos enganos

[verso 2]
eu ‘tou a viver o dobro ou «tou a dormir metade?
que se foda, deixa*me ficar acordado
na front a gente dança para esquecer o tic*tac
e eu só paro além das nuvens, vê*me a voar tipo tap
bater o pé até o passado estar enterrado
e a dopamina a mina que me dá a liberdade
eu converso com o universo neste estado
shanty boy, ‘tamos todos em unidade
pa’ canilha, enrolo a nota, deixa*me provar essa coca
recebo o flyer do meu tropa, e depois: bora
há uns que vão de nota em nota, outros vão de gota em gota
mas no fim anda tudo de mota, wow
o people dança, e dança, aqui ninguém descansa
será que a minha felicidade depende do peso na balança?
é só um pensamento invasivo, caga, e segue a tua expansão
eu ‘tou na pista a dar o máximo como se fosse o meu hustle
não me perguntes a quantas ando, mano, eu vou sempre a mil
eu gosto de chegar até ao ponto em q’a coluna é que dança por mim
eu ‘tou na front a sentir que eu e o pa somos um
não há tempo pa’ gravar no samsung
acabo de chegar a outro nível, eu sou livre e invisível
já não sei o que é razão, eu ‘tou num mundo indivisível
quase a fundir o fusível, qualquer droga é combustível
todo o corpo é euforia, mas que sensação incrível
vou deep nessa frequência, cabeça é só luz intensa
a minha alma em fusão com a música e a música a dor silencia
sinto quanto menos sinto mais eu sou luminescência
e eu ‘tou tão leve até que sinto no braço uma dormência
vejo a lua, o sol, a luz, o som
o mundo, o todo, “quem é que eu sou?”
voltei à forma, perdi o fôlego
digam*me agora, “onde é que eu estou?”
[verso 3]
será que cheguei ao fim da viagem? à minha volta ninguém reage
quando fecho os olhos imagens correm*me como um riacho
flashbacks desenhados pela força do desgaste
‘tou na ponta de um penhasco, ou já caí lá para baixo?
preso nesse loop entre morrer e acordar
será que é o karma que acaba de chegar?
há uma certa tranquilidade em aceitar que chegou o fim
mas só me lembro de perguntar: “porquê a mim?”
sei que é novembro, será que alguém me ouve?
será que é game over? será que alguém me ouve?
será que é game over? não quero morrer hoje
eu sou tão novo, não quero morrer hoje
eu sou tão novo, será que alguém me ouve?
cai, morre, renasce, cai, morre, renasce
ptsd, i got ptsd, ptsd, i got ptsd
ptsd, i got ptsd, ptsd, i got ptsd
eu ainda hoje sonho com esse cenário
e ‘tou sem armas pa’ me defender desses triggers
eu pago o preço de ter vivido tão rápido
óbvio que te vais perder quando a tua mente é um labirinto
às vezes sinto que ‘tou preso num aquário
acabo sempre por bater com a cabeça contra mim
18 é início e fim do meu calendário
porque o dia em que morri foi o dia em que renasci

- micshyne lyrics

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