no alambrado - kalew nicholas lyrics
ao longo do alambrado, outrora um muro
observo enfileirados os pedintes no escuro
ofereço do meu cinto um paliativo:
25 centavos, feita cota cambial (cota cambial)
como se normal esse vazio vil metal
questionam o brio sombrio desse mal
esmola não resolve, dizem
empobrece
tipo antidoping vetando água de atleta
tal gregor samsa, caixeiro*viajante
são a viva especiaria do vale do silício
falido e perdido por meu ímpeto
abdico de raízes e asas, mendigo
as folhas e as flores vêm da flora
como as joias jorram em jardas
em famílias fracas falhas
de estrutura firme às fraldas
ricos com ricos, os pobres perpetuam
fatalismo, qual o crivo?
com agenda vazia e bolso cheio
toda família é presente
mesa farta, psi’ pago, trono largo
o teto nunca entrevistou o chão
no alambrado, palavras são navalhas (navalhas)
como belchior, não falar como convém
falas ferem, mas protegem especiarias dos que jazem
rente ao chão, as famílias se esforçam
pra fabricar farinha e fermento
mesa falta, psi’ falta, trono assola
e as verves se validam pelo vento
acha pobre exemplo (na moral…)
mas só se for no semáforo? (haha)
qual o cargo
de quem é aplaudido por ricardo
e quem diz que aplaude esforço
apoiando o precário?
reduzem tudo a um arbítrio
mérito e hardwork sem suplício
quanto mereço pelo que entrego?
quando recebo pelo que faço?
na barganha entre piso e teto
ganha quem concentra mais poder
com pouca opção, quieto monsieur
essa vai de wo pro patrão (essa vai de wo)
patrão no lato sensu, é fato denso
um cargo acima ou doze dígitos
um domina o outro por prejuízo
tá lá em eclesiastes, pode ler (pode ler)
por acidente ozymandias
let’s be fair (let’s be fair)
sem consciência de classe
herdeiro acha que papai é mais justo do que é
que generosidade é emprestar com juros
pro amiguim pagar um café (haha)
com uma fé cego no laissez*faire
não distinguem caô de migué
eu sei que só quem cria pode regular (rá)
embaixo só mantenho a real fé (real fé)
com um terço desse pró*labore
não haveria ninguém aqui fora
e o lifestyle dos acima?
intacto
mas abrir mão da visão panorâmica
dói muito mais que um parto, então
no topo
duvido haver quem ame
aqui fora
não há quem não sangre
e é essa muralha de arame
de dúvida e certezas falsas
de súbita avareza amarga
de última esperança nata
que abandono (que abandono)
rastejando pelo chão
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