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madrugada - chek1 lyrics

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[letra de “madrugada”]

[intro: keso]
nada se ouvia para além do calmo som do rio que corria sob a ponte
pouco passava da uma da matina, quando os seus passos quebraram o silêncio
devido a algumas quezílias com a sua mãe, dário, um farrapo sem emenda, entraria sorrateiramente em casa após dois dias a vaguear por burlena com o seu fiel grupo de amigos

[verso 1: chek1]
entrei no prédio num silêncio lasso
ponderando cada passo
tirei as botas e entrei descalço
caminhei num movimento raso
peguei num cigarro, pousei o maço acendi o meu cansaço
deitei*me no sofá e quando o faço, de repente
é como se algo me intrigasse
dobrei o pescoço numa visão
e vi o que era um ponto de interrogação
que acima da minha cabeça aparecia desenhado dentro dum balão
mirei aquilo numa contemplação que me retém
significava que eu estava intrigado
foco na pergunta que o balão contém e no significado, um cheiro estranho pairava no espaço
sugeria*me uma boa sensação
segui*o levemente sem ousar nenhum percalço que acordasse a minha mãe
levou*me pelo corredor adentro, embalado já naquela maravilha que se revela
aproximei*me do quarto dela, porque é de lá que vem
encostei*me à porta, fiz um pequeno ruído
mas nada disso importa enquanto me sinto preenchido por partículas que voam à minha volta
abri*a sem fazer barulho, cuidadosamente envolvido naquilo que era a melhor coisa que eu já tinha sentido
e deixei*me ser levado pela magia do momento
[refrão: chek1]
mãe? mãe?
não! não!
não, tu não podes ter feito isto
quem me vai dar dinheiro para ir ao “bifes”?
quem me vai fazer o meu almoço?
quem fingirá amar*me como finges?
quem se matará por mim por um desgosto?
não compreendo, nós éramos tão felizes

[verso 2: chek1]
ela ‘tava inerte
friamente, puxei o cobertor
tapei a minha culpa ao mesmo tempo mas eu queria usufruir daquela dor
destapei*a de novo tinha os olhos abertos
sorridente, olhei o presente que o universo compôs à minha frente
deixei*me invadir pelo odor e abracei o corpo imóvel e gelado
no móvel, uma carta que não li
permaneci deitado
e durante um bocado fechei os nossos olhos
e deixei*me ficar ali na parcial inexistência que experienciava
que se intensificava ao longo da noite mais estrelada que eu alguma vez vi
sugava toda a energia que lá havia sem pôr em questão nenhuma via
eu engoli pedaços dela
eu ingeri os braços, as canelas, os joelhos, a bacia
devorei o tronco após a barriga
aos poucos subi pelo pescoço acima
nada sobraria além do ossos, dentes e cabelos
antes do nascer do dia
[refrão: chek1]
mãe? mãe?
não! não!
eu não posso ter feito isto, mãe
quem me vai dar dinheiro para ir ao “bifes”?
quem me vai fazer o meu almoço?
quem fingirá amar*me como finges?
quem se matará por mim por um desgosto?
não compreendo, nós éramos tão felizes

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